A Ditadura Chilena e o 11 de Setembro americano...

Author: Dr. Hannibal /


Em 1970 chegava ao posto mais alto do Governo Chileno o primeiro comunista eleito do Planeta, Salvador Allende. Até então o mundo socialista só tinha visto o poder chegar em suas mãos através de golpes e revoluções e a eleição de Allende assustou e desgradou o poderio americano e o imperialismo ocidental do bloco capitalista. De cara o presidente chileno mandou nacionalizar todas as empresas americanas do país. O Tio San, que não era bobo nem nada, passou a averiguar a atuação do governo chileno bem de perto e a estimular a oposição para a tentativa de golpe. Até hoje alguns chilenos se perguntam onde estavam os cigarros que nos meses anteriores a queda do governo haviam desaparecido das prateleiras dos mercados assim como outros produtos, como a carne, o arroz, etc. e que no dia seguinte a chegada dos militares, surgiu em grande quantidade e a preços baixos. Devem ter vindo do céu enviado pelos deuses do capitalismo.

Três anos haviam se passado quando apoiado pelos EUA com dinheiro, armas e a garantia de ajuda política e financeira, o General Augusto Pinochet, aquele que Allende mais confiava, lhe deu a punhalada pelas costas. O Anuncio do golpe veio precedido pelo bombardeio do Palácio de La Moneda, dada à resistência do presidente e seus seguidores. Allende cometeu suicídio com um tiro de fuzil na boca, mas não se rendeu, depois dele, milhares de chilenos foram exilados, presos, torturados e mortos. Graças ao "Terror" estadunidense no exterior.

Por ironia do destino, 27 anos depois, no aniversário do Golpe no país da América do Sul, o Tio San se viu abalado por uma força invisível, vinda de fora, força essa muito parecida com a que amedrontou o povo chileno durante anos, a qual chamamos de terrorismo. Centenas de pessoas caindo do World Trade Center, milhões de pessoas acompanhando pela TV chocadas com aquelas cenas criadas por um tal, Osama Bin Laden, que o mundo passava a conhecer e a temer, mas havia um grupo de pessoas que o conheciam bem, a CIA, a mesma que o treinou no Afeganistão. Nos dias seguintes, o mundo acompanhou estupefato o contra-ataque americano comandado por George W. Bush no país do Oriente Médio, mais algumas milhares de pessoas mortas, mas isso não interessava, pois a luta era em nome da democracia, (sempre pensei que democracia era o oposto de imposição) em 2006 o grande presidente americano disse sobre a morte do ex-ditador chileno, “Os nossos pensamentos estão com as vítimas do seu regime e as suas famílias. Elogiamos o povo do Chile por ter construído uma sociedade baseada na liberdade, lei e respeito pelos direitos humanos” Quanta hipocrisia!

Ontem, todos os canais rememoravam os oito anos do atentado em solo estadunidense. Eu me lembrei daquele dia, quando cheguei da escola e consternado ouvi meu pai dizer que a Terceira Guerra Mundial havia começado, por sorte não era bem isso, ainda sinto calafrios de pensar em tanta gente inocente morrendo de uma hora para outra. Mesmo assim, eu não podia deixar de me perguntar: e os afegãos, os chilenos, os iraquianos, as armas de destruição em massa do Sadan? Não sei, ninguém mais se lembra, afinal de contas, eram só mais algumas vítimas da luta contra o terror. Ainda bem que não eram americanas.